Precisamos incentivar e orientar a pesquisa realizada por nossos alunos. Veja o que diz a matéria "Estudo mostra que geração digital não sabe pesquisar" publicada no Portal Terra sobre assunto:
Ferramentas de busca como o Google
tornaram os alunos menos preocupados com a credibilidade de
uma fonte de informação.
Há pouco tempo, quando os alunos
eram solicitados a fazer um trabalho de pesquisa, era necessário ir
até uma biblioteca e realizar a busca em diversos livros didáticos
e enciclopédias. Nos dias de hoje, a realidade é outra: debruçar-se
sobre páginas impressas é raro quando existem milhões de links
sobre o assunto desejado à disposição com apenas um clique.
Mas, o que deveria ser um avanço
acabou resultando em retrocesso, segundo um estudo americano que
aponta que a geração digital não sabe pesquisar. Na investigação
realizada na Universidade de Charleston, nos Estados Unidos, ficou
claro que os estudantes de hoje não sabem realizar uma pesquisa de
forma efetiva. Conforme os resultados, o grande inimigo está na
comodidade que o meio digital oferece. Ferramentas de busca como o
Google tornaram os alunos menos preocupados com a credibilidade de
uma fonte de informação, por exemplo.
No estudo, os pesquisadores pediram
que um grupo de universitários respondesse a um questionário
utilizando a internet como meio de pesquisa. Para testar os
participantes, foram colocadas intencionalmente informações erradas
nos primeiros resultados das buscas realizadas pelos estudantes. Como
previsto, os alunos basearam-se nos primeiros links e erraram todas
as questões.
O trabalho revelou uma realidade
lamentável: os estudantes da era digital se contentam com
informações rápidas, sem se importar com procedência e
fidelidade. Para José Moran, professor aposentado de Novas
Tecnologias da Universidade de São Paulo (USP) e diretor de Educação
a Distância na Universidade de Anhanguera (Uniderp), o fato é
consequência de uma geração que cresceu com computadores e está
acostumada com informações em 140 caracteres. Contudo, Moran
acredita que o fato não se restringe somente a crianças e
adolescentes.
“A internet deixou as pessoas em
geral mais acomodadas. Adultos também cometem erros ao realizarem
pesquisas online”, diz. Por isso, o professor acredita que um dos
papéis da escola, atualmente, deve ser o de ensinar metodologias de
pesquisa desde cedo. “Os educadores pedem tema de estudo, mas não
ensinam metodologias”, afirma.
Outra pesquisa americana também
comprova que jovens da geração digital não se preocupam com a
procedência de suas fontes de estudo. Realizada pela Universidade
Northwestern (EUA), a pesquisa pedia que 102 adolescentes do Ensino
Médio buscassem o significado de diversos termos na internet. Todos
tiveram sucesso nas respostas, mas nenhum soube informar quais foram
os sites utilizados. “Os jovens confiam demais na internet”,
destaca o diretor de Educação a Distância da Uniderp.
Ensino de pesquisa na
internet
Na Escola de Educação Básica Rocha Pombo, em São Joaquim (SC), o projeto “Ensinando a fazer pesquisas na internet” foi implantado nas turmas de 4º série. Elaborado pelo professor de informática Francisco Mondadori Junior, o projeto tem como objetivo trabalhar o conceito de pesquisa desde cedo, pois assim os estudantes chegam ao Ensino Médio sabendo utilizar as barras de pesquisa a seu favor.
Na Escola de Educação Básica Rocha Pombo, em São Joaquim (SC), o projeto “Ensinando a fazer pesquisas na internet” foi implantado nas turmas de 4º série. Elaborado pelo professor de informática Francisco Mondadori Junior, o projeto tem como objetivo trabalhar o conceito de pesquisa desde cedo, pois assim os estudantes chegam ao Ensino Médio sabendo utilizar as barras de pesquisa a seu favor.
O trabalho consiste em um
questionário em que os alunos devem apontar suas áreas de interesse
e pesquisar sobre esses assuntos. “Sugerimos a pesquisa na
internet, no Google, digitando as palavras-chave das atividades que
mais gostam. Cada aluno faz a sua pesquisa, procurando o site mais
interessante”, explica, dizendo que os pequenos são auxiliados por
professores que também ensinam a importância de utilizar fontes de
informação confiáveis.
Professor do Núcleo de Tecnologia
Educacional (NTE) das escolas estaduais de São Joaquim (SC),
Mondadori Junior conta que o ensino da pesquisa científica e escolar
é uma das preocupações do núcleo, que procuram criar atividades
lúdicas e divertidas para trabalhar o conceito em sala. “Em minha
opinião deveria existir uma disciplina só para isso nas escolas”,
opina, dizendo que percebe, cada vez mais, a dificuldade dos alunos
em realizar trabalhos de pesquisa. “Eles se contentam com os
primeiros links”, diz, destacando que é comum ouvir frases como
“achei no Google”.
Mondadori Junior defende a postura
adotada por algumas escolas e educadores de não permitir o uso da
internet como fonte de pesquisa. “É interessante proibir só no
início, pois assim o estudante descobre que existem outras
possibilidades de estudo, e não somente o meio virtual”, explica.
José Moran discorda: “Isso resulta em um estudante que usa livros
na escola, e a internet em casa”, sentencia, ressaltando que as
dificuldades continuariam existindo. “Um dia esse aluno vai poder
usar a internet para pesquisar, e então vai fazer de forma errada,
pois não aprendeu na escola”, completa.
Em mais de 20 anos de docência,
Moran afirma que nunca deixou de trabalhar metodologias de pesquisa
com seus alunos, seja no ensino fundamental ou no superior. “Sempre
que eu passo trabalhos, especifico o tipo de pesquisa que eu quero, e
ainda vejo com os estudantes algumas possibilidades mostradas pelo
Google”, diz, afirmando que ainda compara links e aponta
informações que podem estar equivocadas. “Com isso, o jovem passa
a desconfiar da internet, pois cria a consciência de que nem tudo
que está no meio online é verdadeiro”, conclui.
Na Escola Nossa Senhora das Graças,
em São Paulo, a preocupação com o ensino de pesquisa na internet
começou em 2009. Os educadores do colégio viram a necessidade de
criar uma estrutura online que pudesse auxiliar os estudantes nos
trabalhos escolares. Por isso, foi criado o “Caminhos de pesquisa
na internet”, uma ferramenta virtual que discute alguns critérios
de pesquisa e avaliação das informações. Além dos professores
deixarem dicas de endereços confiáveis, os alunos podem postar
informações retiradas de sites para que os docentes possam avaliar
sua veracidade.
Apesar de achar a solução
interessante, Moran alerta que nem sempre os alunos terão uma
ferramenta escolar a sua disposição. “A escola precisa ensinar os
estudantes a caminharem sozinhos e terem noções críticas de fontes
de pesquisa”, opina.
Fonte: Portal Terra
Nenhum comentário:
Postar um comentário